Viciado em Cinema e TV

sexta-feira, julho 15, 2005

Filme da Semana: Cruel

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Sinopse:A vida de Erik, um jovem de 16 anos, está manchada de violência e conflitos. Quando é expulso da escola, é enviado para um colégio interno como uma última oportunidade para se libertar do seu círculo vicioso e continuar os estudos. Mas o colégio é tudo menos um refúgio ? aqui, o mal está sistematizado sob a forma da opressão imposta aos estudantes mais novos pelo mais velhos. Conseguirá Erik manter a dignidade sem ser arrastado na espiral de violência que está a ameaçar o seu futuro? [ www.7arte.net ]

Nuno Cargaleiro @ 19:55

Crítica: Crime Ferpeito

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Desiludam-se os esperançados fãs de Álex de la Iglesia! Este filme não é nenhum "Dia da Besta", mas sim um "conto" divertido sobre o casamento e sobre poder vs qualidade de vida.

Para a personagem de Guillermo Toledo, o casamento diminui um homem, reduzindo-o a uma casca vazia de emoção. Ele pretende sucesso, emoção, e poder naquilo que sabe fazer melhor: vender! Assim trabalha na secção de vestuário de um armazém espanhol. Adora todas a mulheres, menos uma: Lourdes (interpretada pela actriz Mónica Cervera).

Devido à sua ambição, Toledo vai acabar por envolver num crime, que resultará na morte de uma pessoa. Só que há uma testemunha: Lourdes. Esta não vai deixar a situação por mãos alheias, e vai usar o que sabe para dominar literalmente o "machão" e forçá-lo a fazer aquilo que deseja mais: casar-se com ela. O desenrolar desta situação leva a Toledo a considerar a única fuga possível: já matou uma vez, bem pode fazer uma segunda!... É aqui que começa a busca do Crime Ferpeito!... er... ups, Crime Perfeito!...

"Crime Ferpeito" não é um filme, mas é mais fraco que os habituais de Iglesia. Servindo sobretudo como critical social, divide-se em duas partes: antes de Lourdes (onde os atingidos são todas as personagens que se mexem no filme, servido para representar as visões de superficialidade e mesquinhez das personagens, em especial de Toledo, que apesar de se nos apresentar como algo positivo, é sinónimo do típico vigarista com ilusões de grandeza) e depois de Lourdes (onde começa o confronto directo entre a mulher feia, anteriormente insegura, e o determinado homem "bonito", agora tratado como um trapo velho). Depois de Lourdes é que o filme começa a ganhar gozo, e adorei muito mais a interpretação de Mónica Cervera do que a de Toledo. Cervera é como uma Rossi de Palma, apesar de não ser a figura escultural de mulher, domina a cena quando entra. É nos confrontos, onde é visível as "inversões de papeis", que o filme nos toca. É de notar que à medida que o filme avança, Lourdes vai ficando mais autoritária, mas também mais cuidada com a sua imagem, enquanto que Toledo parece cada vez mais descabelado e mais distraído desses pormenores.

O final é de facto, apesar de um pouco doido, a representação total de tudo isto: Nós queremos realmente aquilo que ainda não temos, seja emoção e sucesso, ou tranquilidade e paz, é preciso avançar primeiro por diversos caminhos para lá chegar...

É um bom filme, mas não é um "Dia da Besta"... infelizmente.

2 estrelas
Razoável

Nuno Cargaleiro @ 12:50

quinta-feira, julho 14, 2005

Crítica: Guerra dos Mundos

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Rachel Ferrier (Dakota Fanning): Are we still alive?


Sinceramente, não vou bater mais no ceguinho, mas aqui vai... Esperava muito mais deste filme. Esperava muito mais da sua produção. Casting não foi o melhor, e existe algumas tendências "à la Spielberg" no seu final que acabam por diminuir o valor do filme. Para um projecto que passou muito tempo na gaveta, era de esperar um amadurecimento do mesmo, coisa que é facilmente visível que não aconteceu.

Mas aqui vai...

Spielberg: Realizador que adora fascinar-nos, quis fazer de Guerra dos Mundos um espectáculo visual, mas diferente, distanciando-o dos restantes filmes de invasões de extraterrestes. Em vez de heroís, temos "pessoas comuns" que são apanhados no envolvimento da situação e que precisam de fazer de tudo para se manterem vivos, já que para qualquer lado que olhem, só deparam com destruição e morte. Aprovo esta decisão, sendo um conceito que apesar de poder não ser entendido por todos, é refrescante e mais apelativo. Spielberg, com esta decisão, corre também outro risco: existem muitos factos sobre os "aliens" que desconhecemos (donde vieram, características, o que os países estão a fazer, existe algum plano ofensivo, o que aconteceu afinal ao resto do mundo entretanto!...), e a linha de "visão" do espectador é limitada, pois a do protagonista, como "homem comum", também o é!... O problema prede-se a que se este filme é um blockbuster, é um filme limitado, pois poderá não agradar a muitos, deixando-lhes um sabor de falta de "je ne sais quoi". Eu pessoalmente, gostei desta aposta... Porém, não gostei foi dos típicos "tiques" de Spielberg, criando em todos filmes a sua dimensão "filmes para toda a família", com toques de sentimentalismos que são desnecessários e que como destoam totalmente do desenvolvimento do filme, minam-no.

Dakota Fanning: Sem dúvida a estrela do filme. É das interpretação mais coerentes e coesas do filme (aparte da aparição fugaz de Tim Robbins). Antítese perfeita de Drew Barrymore (em E.T.), é impressionante e deliberada a intenção de parece-la à mesma figura de menina loira doce, mas que desta vez, assuta-se com os aliens invés de fascinar-se com eles. A própria histeria que a sua personagem demonstra, por vezes, é representativa do que seria as reacções de uma menina da idade dela na mesma situação. Se já falei mal das suas interpretações em outros filmes, neste rendi-me com a esperança que não se perca durante o seu crescimento.

Tom Cruise em três palavras. Canastrão: aqui está alguém que só é bom actor quando não faz de si mesmo (exemplo de boa interpretação: Frank T.J. Mackey em "Magnólia"). Inexpressivo: em algum momento acreditamos que ele esteja aterrorizado, até mesmo quando a sua personagem está! Dispensável: a única coisa que vem acrescentar ao filme é simplesmente o seu nome no elenco, para atrair audiências.

Justin Chatwin: é o actor de faz de filho mais velho de Cruise. No início surge como o filho revoltado típico de filmes de adolescentes, mudando para o jovem obstinado, decidido em juntar-se ao exército para combater a invasão extraterreste. A mudança é demasiado bruta, e não se percebe a evolução. Vamos acreditar, na nosso infinita bondade, que foi algo que ficou em cenas que foram cortadas... Curiosamente, é o desenrolar desta personagem que mais "tiques" Spielberguianos apresenta... Vejam e percebem perfeitamente a que me refiro.

Conclusão: Os extraterrestes não são nossos amigos. A Natureza tem um equilibrio próprio. Fugir é melhor do que o enfrentar perante o desconhecido. Preferia ter visto este filme em "vídeo"...

Filme espectáculo com algum bom gosto, mas também com um sabor amargo, só é aconselhável para fãs dedicados de Spielberg e Cruise, ou para quem acha que não tem filme melhor para ver.

2 estrelas
Razoável

Nuno Cargaleiro @ 20:05

Crítica: Rainhas

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"Rainhas" foi sem dúvida uma agradável surpresa. Destaque para o facto de ser o primeiro filme da Warner Bros España, o que só leva a crer que o cinema espanhol poderá dar mais surpresas nos possos tempos, e também poderá vir a ter maior difusão internacional.

"Rainhas" remete-nos para uma ficção (agora concretizável) da realização dos primeiros casamentos gay em Espanha. Os olhares dos media estão completamente centrados para a situação, e como forma "inaugural" serão realizados cerca de 20 casamentos ao mesmo tempo, entre pessoas do mesmo sexo, sejam homens ou mulheres.

Porém, este filme apesar de falar sobre personagens gays, centra-se sobretudo na personagens circundantes a eles, isto é, na sua família. Os protagonistas são os pais (com clara preferência pelas mães) de vários homens que vão-se casar, espantosamente todos eles filhos únicos (não é feita qualquer referência a irmãos), num conjunto de "três" histórias simultâneas que interligam-se de forma magistrosa.

Assim sendo, é de esperar que cada mãe seja diferente da outra, desde a mãe egoísta (Marisa Paredes), passando pela mãe "amiga" sem autoridade maternal (Verónica Forqué), a mãe discretamente manipuladora (Betiana Blum, que apesar de ser "a actriz argentina convidada" arrebata em todas as cenas em que surge), a mãe "castradora" (Mercedes Sampietro), até à mãe com menos instinto maternal possível (Carmen Maura). Cada uma destas actrizes enchem as vistas, dando credibilidade e coerência a esta história, de forma a que qualquer pessoa possa identificar-se.

E é aqui realmente o verdadeiro volte de face deste filme. Qualquer pessoa pode, apesar do tema dominante, identificar-se com estas personagens, visto que o motor do filme é as relações humanas, com especificidade para as relações familiares.

Em termos de gestão do filmes, pode-se dizer que num filme com tantas personagens, raramente à um momento de tédio, apostando-se no ritmo e no desenrolar de situações, acabando-se por gerir as diversas histórias de uma forma admirável, servindo de exemplo para muitos filmes de "histórias" simultâneas que são produzidos muitas vezes de forma ambiciosa mas ineficaz. Este filme apresenta-se como despretencioso, mas é eficaz.

Numa verdadeira comédia de costumes, "Rainhas" pode não ser um filme memorável, mas é um bom sinal que o cinema está vivo e recomenda-se... Que sirva de lição para nós!...

3 estrelas
Bom

Nuno Cargaleiro @ 18:51

Crítica: Batman Begins

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Alfred Pennyworth: Why bats, sir?
Bruce Wayne: Bats frighten me. It's time my enemies share my dread.

Não se iludam com o passado!... A primeira premissa a aprender para poder ver este filmes com gosto é uma: "Ignorem todos as adaptações cinematográficas do Batman que tenham sido feitas anteriormente". O Batman começa realmente agora. O verdadeiro Batman está aqui!...

Quase...

Para falar sobre este filme vou desdobrar-me por tópicos, já que existem tantos factores que condicionam o mesmo...

Christian Bale: Uma escolha inesperada para o protagonista... Pessoalmente, é um actor de minha preferência que conseguiu diferenciar perfeitamente Bruce Wayne e Batman, até ao ponto possivel de diferenciação. A voz dele quando veste o fato "negro" muda para um tom mais grave e rude, contudo a única falha no desenvolvimento da personagem (que de uma maneira geral até é credível quando comparadas com outras adaptações vindas da BD para cinema) é considerar que Batman é mais controlado do que normalmente ele é... Batman, na BD, é por vezes tão maníaco como os inimigos que persegue! Esta falha deve-se mais ao argumento do que a interpretação, que Bale procurou transpor, de forma a credibilizar mais a personagem de Bruce Wayne, coisa que teria sido esquecida constantemente nos passados filmes. Para primeiro filme está uma interpretação coerente com o pretendido, contudo espera-se mais caso venha-se a realizar a dita sequela com Joker como arqui-inimigo...

Christopher Nolan: Eu gosto de Tim Burton, mas enquanto que Burton é especialista em coordenar a criação de ambientes, Christopher Nolan é especialista em criar "realidade"... Daí que não tenha sido um grande surpresa a escolha deste realizador que conta na sua curtíssima carreira a realização de "Memento" e "Insomnia". Nolan trouxe a personagem Batman de novo à terra, apostando no envolvimento psicológico das personagens, e numa acção mais contida e mais credível, sem "heranças ao género de 007". Boa realização. A sequela só pode existir se continuar a ser realizado por ele.

Katie Holmes: Ela não é tão má quanto se diz... "tadinha"... Contudo, nem a sua personagem, nem ela, conseguiram dar o caracter forte das personagens femininas habituais de Batman, e isso causado pelo "ar" de adolescente que Katie tem. Até metade do filme ela foi perfeita como amiga/primeira paixão de Wayne, mas apartir da segunda metade não conseguiu agarrar a personagem de forma convicente. Porém, uma personagem como a dela foi de facto uma mais valia para delimitar entre o antes Batman e o após Batman. Não vai aparecer na sequela, e não vai deixar saudades, por isso... adiante.

Os actores de suporte (Gary Oldman, Rutger Hauer, Morgan Freeman, Michael Caine): Outro dos grandes pormenores descuidados nos últimos filmes, vão solidificar a personagem de Bruce Wayne, surgindo como reflexo e por vezes consciência de Batman (caso de Gary Oldman) ou de Bruce Wayne (caso de Michael Caine que está fabuloso). É de facto espantoso que actores de renome tenham aceite ficar no lugar de suporte neste projecto, conseguindo criar o elenco de luxo que Nolan queria.

Os Vilões (Liam Neeson, Cillian Murphy, Ken Watanabe, Tom Wilkinson): Sim, eles são quatro... cada um deles ataca de uma forma diferente as diversas figuras de Batman. Liam Neeson e Ken Watanabe (Ducard e Ra's Al Ghul) atacam a ética de Batman/Bruce Wayne como justiceiro, Tom Wilkinson representa a figura maléfica que desperta o desejo de vigança de Wayne, e Cillian Murphy é mais um louco, "tal como Batman", que lhe recorda o passado e as suas principais figuras de mede. Contrariamente ao passado, o cerne da escolha dos vilões é a figura de Batman. De tal forma que quando é apresentado Joker como sendo o próximo vilão principal, é apresentado por Gary Oldman como sendo uma reflexo das acções de Batman como figura mascarada e algo teatral...

A História / O filme: O argumento acompanha as fases necessárias para entender e perceber a criação da figura de Batman. Porquê morcegos? Porquê a figura mascarada? A forma de flasbacks foi bem usada, não levando a tédio na explicação dos mais pequenos pormenores. Optima fotografia, apostando nos tons terra de forma a trazer mais realismo e identificação com os ambiente apresentados. Gotham City é uma mistura de influências, lembrando várias cidades do mundo.

Sem dúvida, a melhor adaptação de comics do ano (perdoem-me os fãs de Sin City). Claramente, a melhor adaptação de Batman. Mas espera-se mais na sequela...

4 estrelas
Muito Bom



Nuno Cargaleiro @ 15:39


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