Viciado em Cinema e TV

quinta-feira, julho 14, 2005

Crítica: Rainhas

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"Rainhas" foi sem dúvida uma agradável surpresa. Destaque para o facto de ser o primeiro filme da Warner Bros España, o que só leva a crer que o cinema espanhol poderá dar mais surpresas nos possos tempos, e também poderá vir a ter maior difusão internacional.

"Rainhas" remete-nos para uma ficção (agora concretizável) da realização dos primeiros casamentos gay em Espanha. Os olhares dos media estão completamente centrados para a situação, e como forma "inaugural" serão realizados cerca de 20 casamentos ao mesmo tempo, entre pessoas do mesmo sexo, sejam homens ou mulheres.

Porém, este filme apesar de falar sobre personagens gays, centra-se sobretudo na personagens circundantes a eles, isto é, na sua família. Os protagonistas são os pais (com clara preferência pelas mães) de vários homens que vão-se casar, espantosamente todos eles filhos únicos (não é feita qualquer referência a irmãos), num conjunto de "três" histórias simultâneas que interligam-se de forma magistrosa.

Assim sendo, é de esperar que cada mãe seja diferente da outra, desde a mãe egoísta (Marisa Paredes), passando pela mãe "amiga" sem autoridade maternal (Verónica Forqué), a mãe discretamente manipuladora (Betiana Blum, que apesar de ser "a actriz argentina convidada" arrebata em todas as cenas em que surge), a mãe "castradora" (Mercedes Sampietro), até à mãe com menos instinto maternal possível (Carmen Maura). Cada uma destas actrizes enchem as vistas, dando credibilidade e coerência a esta história, de forma a que qualquer pessoa possa identificar-se.

E é aqui realmente o verdadeiro volte de face deste filme. Qualquer pessoa pode, apesar do tema dominante, identificar-se com estas personagens, visto que o motor do filme é as relações humanas, com especificidade para as relações familiares.

Em termos de gestão do filmes, pode-se dizer que num filme com tantas personagens, raramente à um momento de tédio, apostando-se no ritmo e no desenrolar de situações, acabando-se por gerir as diversas histórias de uma forma admirável, servindo de exemplo para muitos filmes de "histórias" simultâneas que são produzidos muitas vezes de forma ambiciosa mas ineficaz. Este filme apresenta-se como despretencioso, mas é eficaz.

Numa verdadeira comédia de costumes, "Rainhas" pode não ser um filme memorável, mas é um bom sinal que o cinema está vivo e recomenda-se... Que sirva de lição para nós!...

3 estrelas
Bom

Nuno Cargaleiro @ 18:51


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