Viciado em Cinema e TV

sexta-feira, julho 15, 2005

Crítica: Crime Ferpeito

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Desiludam-se os esperançados fãs de Álex de la Iglesia! Este filme não é nenhum "Dia da Besta", mas sim um "conto" divertido sobre o casamento e sobre poder vs qualidade de vida.

Para a personagem de Guillermo Toledo, o casamento diminui um homem, reduzindo-o a uma casca vazia de emoção. Ele pretende sucesso, emoção, e poder naquilo que sabe fazer melhor: vender! Assim trabalha na secção de vestuário de um armazém espanhol. Adora todas a mulheres, menos uma: Lourdes (interpretada pela actriz Mónica Cervera).

Devido à sua ambição, Toledo vai acabar por envolver num crime, que resultará na morte de uma pessoa. Só que há uma testemunha: Lourdes. Esta não vai deixar a situação por mãos alheias, e vai usar o que sabe para dominar literalmente o "machão" e forçá-lo a fazer aquilo que deseja mais: casar-se com ela. O desenrolar desta situação leva a Toledo a considerar a única fuga possível: já matou uma vez, bem pode fazer uma segunda!... É aqui que começa a busca do Crime Ferpeito!... er... ups, Crime Perfeito!...

"Crime Ferpeito" não é um filme, mas é mais fraco que os habituais de Iglesia. Servindo sobretudo como critical social, divide-se em duas partes: antes de Lourdes (onde os atingidos são todas as personagens que se mexem no filme, servido para representar as visões de superficialidade e mesquinhez das personagens, em especial de Toledo, que apesar de se nos apresentar como algo positivo, é sinónimo do típico vigarista com ilusões de grandeza) e depois de Lourdes (onde começa o confronto directo entre a mulher feia, anteriormente insegura, e o determinado homem "bonito", agora tratado como um trapo velho). Depois de Lourdes é que o filme começa a ganhar gozo, e adorei muito mais a interpretação de Mónica Cervera do que a de Toledo. Cervera é como uma Rossi de Palma, apesar de não ser a figura escultural de mulher, domina a cena quando entra. É nos confrontos, onde é visível as "inversões de papeis", que o filme nos toca. É de notar que à medida que o filme avança, Lourdes vai ficando mais autoritária, mas também mais cuidada com a sua imagem, enquanto que Toledo parece cada vez mais descabelado e mais distraído desses pormenores.

O final é de facto, apesar de um pouco doido, a representação total de tudo isto: Nós queremos realmente aquilo que ainda não temos, seja emoção e sucesso, ou tranquilidade e paz, é preciso avançar primeiro por diversos caminhos para lá chegar...

É um bom filme, mas não é um "Dia da Besta"... infelizmente.

2 estrelas
Razoável

Nuno Cargaleiro @ 12:50


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