Nos últimos tempos, nunca nenhum filme fez-me voltar a ter a vontade de regressar à minha infância. Produzido e realizado ao pormenor, nunca um filme, nos últimos tempos, fez-me sair do cinema com uma sensação tão positiva que dava-me vontade de cantar e dançar... Claro que podem dizer que isso é graças aos anti-depressivos que ando a tomar para combater o stress de não actualizar o blog tão frequentemente como queria!... Eu digo que é boa disposição.
"Charlie e a Fábrica de Chocolate" é um sinal da volta em força de Tim Burton. Confesso que não vi o original, mas vi algumas imagens do filme original com o Gene Wilder, e devo dizer que o espírito (não me refiro a meios cenográficos e a efeitos especiais) é de longe superior... Apesar de muita dessa graça ser devida a um bom desempenho por parte do actores, Burton cria-nos um mundo de sonho e fantasia (a fábrica) no meio de uma realidade "actual" e cinzenta (a cidade de Charlie). Burton sabe rodear-se de bons profissionais, é certo, mas também tem um estilo muito próprio que define a sua forma deslubrante e espantosa de contar uma história. Para ele uma boa história deve ser acompanhada por um ambiente (música, cenários, roupas) ao mesmo nível, de modo a criar um maior impacto no espectador e "engoli-lo" para a aventura. É de louvar que tenha escolhido construir todos os cenários em vez de os ter criado em "blue screen", prevelegiando assim a autenticidade.
Quanto a Johnny Depp, está absolutamente brilhante como Willie Wonka, transmutando-se numa figura que parece saída directamente de uma banda desenhada para crianças. A sua voz está diferente, os seus gestos, a forma como posiciona a boca quando fala, a "classe" como "insulta" algumas das crianças do filme, tudo é uma representação! Não existe ali nenhum Johnny Depp, somente Willie Wonka!
Freddie Highmore, por outro lado, pode não ser tão efusivo na sua personagem, mas apresenta-nos um Charlie como contraponto de Willie Wonka de uma forma bastante consistente. Tendo em conta a evolução deste jovem actor (notar notícia acima...), é de esperar que venha a acompanhar-nos durante muito tempo com interpretações cada vez melhores. Pelo menos já não acontecerá o mesmo que a Peter Ostrum, o Charlie da versão anterior, que viu reduzida a sua carreira de actor somente a este filme.
Bom filme para ver-se em cinema, ter-se em DVD, ver sozinho, acompanhado e com a família toda.
4 Estrelas
Muito Bom